Implantes Subdérmicos
- DefiniçãoOs implantes são métodos anticoncepcionais hormonais reversíveis de longa duração. São pequenos cilindros flexíveis de plástico, cada um do tamanho aproximado de um palito de fósforo, impregnados de progestágenos (hormônios sintéticos muito parecidos à progesterona que a mulher produz normalmente depois da ovulação). Ao ser inseridos embaixo da pele (no tecido subdérmico) liberam o hormônio no sangue da mulher de maneira lenta e constante, mantendo um nível sanguíneo que assegura o efeito anticoncepcional de alta eficácia durante o período de validade do método.
Diferentes dos anticoncepcionais combinados, não contêm estrógeno e podem ser utilizados a amamentação (podem ser inseridos depois do parto antes da alta da maternidade).
Atualmente há dois tipos de implantes disponíveis no mundo:
- Implantes contendo levonorgestrel (dois cilindros que, depois de inseridos, mantêm a eficácia por cinco anos). Há duas marcas de implantes com levonorgestrel: Jadelle® e Sinoplant®, mas não estão registrados no Brasil.
- Implantes contendo etonogestrel (um cilindro que mantém a eficácia por três anos). Estão registrados no Brasil com os nomes Implanon NXT® e Implanon®.
Implanon NXT®
Implanon NXT® é um implante não biodegradável e radiopaco de etinilo vinil acetato, cilíndrico, de 4 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro, contendo etonogestrel, disponível em um aplicador inovador descartável e estéril para uso subdérmico. O etonogestrel é o metabólito biologicamente ativo do desogestrel, um progestagênio amplamente utilizado em anticoncepcionais orais. É estruturalmente derivado da 19 nortestosterona e liga-se com alta afinidade aos receptores de progesterona nos órgãos-alvo. Cada implante contém 68 mg de etonogestrel; contém também sulfato de bário para torná-lo radiopaco e facilitar a sua localização para realizar a extração, quando está mais profundamente colocado que o recomendado e não se pode localizar por palpação. O implante deve ser retirado ao fim do prazo recomendado de uso que é de três anos.A taxa de liberação é de aproximadamente 60-70 mcg/dia na 5ª-6ª semana e reduz a aproximadamente 35-45 mcg/dia no final do primeiro ano; 30-40 mcg/dia no final do segundo ano e 25-30 mcg/dia no final do terceiro ano.
O aplicador inovador foi projetado para ser manuseado com uma mão e para facilitar a inserção subdérmica correta do implante. O desenho do aplicador garante que o implante não caia durante o procedimento nem fique retido no aplicador, além de prevenir a inserção profunda. Também permite a colocação do implante sem a necessidade de incisão prévia da pele com bisturi.
Também está disponível para o setor público em alguns municípios no Brasil o modelo clássico do Implanon; o aplicador permite colocar o implante por punção, sem realizar uma incisão prévia com bisturi.
A eficácia anticonceptiva, os critérios médicos de elegibilidade e o desempenho clínico de ambos os tipos de implantes são muito semelhantes. Como no Brasil está registrado somente o implante de etonogestrel, o resto do capítulo refere-se a Implanon-NXT® e Implanon®. - Mecanismo de AçãoO principal mecanismo de ação dos implantes subdérmicos é a inibição da ovulação. A inibição da ovulação é praticamente 100% nos dois primeiros anos com o implante de etonogestrel e não mais de 5% dos ciclos são ovulatórios no terceiro ano de uso.
Além da inibição da ovulação, os implantes reduzem a quantidade de muco cervical, aumentam a sua viscosidade e diminuem a sua elasticidade, sem variações cíclicas. O muco com essas características impede a penetração dos espermatozoides no útero.- Eficácia e taxa de continuaçãoA eficácia é muito alta, com taxas de gravidez de 0,05 por 100 mulheres em um ano, ou seja, uma mulher de cada 2.000 usuárias de implante engravida em um ano. Por ser um método que não depende da usuária, a eficácia no uso rotineiro é a mesma da que foi observada em estudos clínicos. Embora o Implanon NXT® esteja aprovado para uso por três anos, há estudos mostrando que a eficácia é mantida no quarto ano; entretanto, a recomendação é trocá-lo ao fim do terceiro ano.
Não há evidências de que o peso corporal da usuária influencie a eficácia do implante de etonogestrel (Implanon-NXT® ou Implanon®).
Em estudos depois do registro em uso rotineiro, devido a erros na técnica de inserção, foram detectados números altos de gravidezes após a inserção de Implanon®.
Na Austrália foram diagnosticadas 200 gravidezes de um total de 20.486 usuárias (0,98%).
A maioria dessas gravidezes foi devida a erros técnicos do procedimento de admissão ou ao momento da inserção. (Harrison-Woolrych M, Hill R, 2005).
As causas das gravidezes nesse estudo foram:
- 46 mulheres estavam grávidas no momento da inserção
- 84 implantes não foram inseridos. Por falta de capacitação adequada, alguns provedores não inseriram o implante no braço porque caiu ou ficou no insertador.
- 19 foram inserções realizadas depois do 10° dia do ciclo e não foi dado um método de respaldo.
- Em três casos o implante tinha sido expulso.
- Em oito casos houve interação medicamentosa.
- Nos outros 40 casos não há informação suficiente para determinar a causa da gravidez.
Na França também houve um estudo que mostrou que houve 39 gravidezes devido a falhas na inserção (Bensouda-Grimaldi L, e cols, 2005).
Em pessoal capacitado os casos de falha no procedimento de inserção são raros e com o novo insertador (Implanon-NXT® ou Nexplanon®), a possibilidade de que o implante caia ou fique no insertador é praticamente nula.
Os implantes apresentam uma alta taxa de continuação, ou seja, uma alta porcentagem das mulheres que aceita o uso do implante continua usando-o depois do primeiro ano de uso e mais de 60% das usuárias retira o implante ou o troca por outro implante no fim do período de validade, ou seja, ao fim do terceiro ano.
Em estudo realizado nos Estados Unidos em que as usuárias podiam escolher livremente o método (Choice Project Obstet Gynecol 2011;117:1105-13), a aceitação dos implantes (Implanon®), que é o único implante registrado nos Estados Unidos) foi alta e a taxa de continuação até 12 meses (83,3%) foi muito mais alta que a taxa de continuação das pílulas (55,0%).
- Efeitos colaterais, riscos e benefícios
- Efeitos ColateraisOs efeitos colaterais mais frequentes em usuárias de implantes subdérmicos são as alterações do padrão menstrual. A mulher que decide usar implantes deve ser informada de que mais da metade das mulheres que usam implantes apresentam alterações do padrão menstrual e que essas alterações não significam risco para a saúde. Apesar dos sangramentos irregulares, o volume total de sangramento por mês, na maioria das mulheres, é menor do que antes de colocar o implante.
Também é importante que a mulher que usa implantes seja informada de que o tipo de sangramento não está relacionado à maior ou menor eficácia do método. O método sempre tem uma alta eficácia, independentemente das características do sangramento.
As alterações mais comuns são:
- Sangramento infrequente (menos de três episódios em um período de 90 dias) ocorre em mais ou menos 30% das mulheres.
- Amenorreia, períodos de 90 dias ou mais sem sangramento, ocorre em 20% a 23% das mulheres, especialmente nos primeiros meses de uso.
- Sangramento prolongado, períodos de 14 dias ou mais de sangramento, ocorre entre 10% a 12%.
- Sangramento frequente, mais de cinco episódios de sangramento em 90 dias ocorre em 6% a 8% das mulheres.
- Sangramentos abundantes são muito pouco frequentes e, habitualmente, cedem ao tratamento com estrógenos.
Em geral, os efeitos sobre o padrão menstrual tendem a diminuir com o tempo, mas não devemos induzir a mulher a pensar que as alterações melhorarão depois de três ou seis meses porque podem persistir por tempos longos ou melhorar e recorrer.
Outros efeitos colaterais, que ocorrem em menos de 10% das usuárias e que podem ou não estar relacionados aos implantes, são:
- Acne
- Mastodinia (hipersensibilidade mamária)
- Cefaleia
- Aumento de peso
- Dor abdominal
- Tonturas
- Diminuição da libido
- Náuseas
- Nervosismo
- Mal-estar geral
* As usuárias de implantes podem apresentar cistos ovarianos (cistos foliculares) funcionais com frequência maior que a população geral. Se não são sintomáticos, não há indicação de cirurgia, salvo que o tamanho exceda 12-15 cm. A grande maioria regride espontaneamente. A frequência de cistos é de 5 a 7% e tende a aumentar no segundo e terceiro ano de uso. - Riscos para a saúdeOs riscos associados à inserção do implante são muito baixos. Estudos avaliando amostras de 1.400 inserções mostram que menos de 4% reportaram dor no braço e complicações tais como inchaço, hematoma ou infecção foram muito raras, menos de 2 por 1.000.
Devido à alta eficácia dos implantes, a taxa de gravidez ectópica em usuárias de implantes é muito baixa (6 por 100.000 usuárias), muito menor que a taxa observada em mulheres que não usam anticoncepcionais (650 por 100.000). Entretanto, nas raras ocasiões em que acontece gravidez numa usuária de implante, a probabilidade de que esta seja ectópica é de 10 a 17%, bem maior que em mulheres que não usam método anticoncepcional (1,1%-1,3%). Por isso, se é detectada uma gravidez numa usuária de implante é importante descartar precocemente a possibilidade de que seja ectópica para prevenir complicações que podem ser graves.
Aumento de peso tem sido reportado em alguns estudos, mas é um aumento leve de 1-1,5 Kg em dois anos e não é possível afirmar que há uma relação direta do implante com o aumento de peso. A taxa de remoção de implante antes de completar o prazo de três anos por causa de aumento de peso tem sido de 2 a 3%.
Os implantes não estão associados a diminuição da densidade mineral óssea. Estudos comparativos bem controlados mostram que não há diferença na evolução de densidade mineral óssea entre usuárias de implantes e de DIU com cobre. - Benefícios não contraceptivos- Protege contra anemia. Apesar de que muitas mulheres têm menstruações muito irregulares e com sangramentos frequentes e inesperados, é muito pouco frequente que as usuárias de implante tenham diminuição do nível de hemoglobina. Pelo contrário, os estudos clínicos bem controlados mostram que as usuárias, em média, apresentam aumento do nível de hemoglobina.
- Diminuição da dismenorreia. Nos estudos clínicos bem controlados, por volta de 80% das usuárias que referiam dismenorreia ao ingresso no estudo referiram diminuição significativa da intensidade ou supressão da dismenorreia.
- Diminuição da acne. Embora existam poucos estudos avaliando o efeito do implante sobre a acne, esses mostram efeito positivo sobre a acne em mais de 60% dos casos. Entretanto, algumas usuárias, menos de 10%, referem aparecimento ou piora do acne com o uso de implantes.
- Modo de uso
- Quem pode usarToda mulher que, depois da orientação ou aconselhamento, escolhe usar implante, pode fazê-lo desde que não tenha uma condição médica que faça com que o método não seja recomendável, de acordo aos critérios médicos de elegibilidade (CME) da OMS (categorias 3 ou 4).
Se a mulher orientada apresenta alguma condição listada nos CME como categoria 4 para implantes, ela não pode usar o método. Nesses casos o provedor poderia autorizar o uso do método unicamente se não houvesse qualquer outra opção disponível que fosse aceitável porque nas condições 4 o risco para a saúde do uso do método é inaceitável. Nos casos excepcionais de uso do método numa mulher com uma condição categoria 4 o controle deve ser frequente e rigoroso.
A única condição classificada como categoria 4 para os implantes é o Câncer de mama atual.
Se a mulher apresenta alguma das condições listadas abaixo, classificadas como categoria 3 nos CME da OMS, os implantes não são de primeira escolha.
Quando há uma condição em categoria 3 para implantes, a mulher deve ser advertida de que o uso de implantes representa um risco para a saúde e que é recomendável que escolha outro método para o qual não apresente condições em categorias 3 ou 4 nos CME. Se a mulher insiste em usar o método porque as outras opções não são aceitáveis para ela, a mulher deverá voltar para controles médicos frequentes.
Condições classificadas na categoria 3 para implantes (Critérios médicos de elegibilidade da OMS):
- Trombose venosa profunda/embolia pulmonar atual;
- Doença cardíaca isquêmica atual (para continuação de uso);
- Acidente vascular cerebral atual ou história (para continuação de uso);
- Enxaqueca com aura a qualquer idade (para continuação de uso);
- Câncer de mama tratado, sem doença atual cinco anos;
- Sangramento vaginal sem diagnóstico;
- Cirrose descompensada.
Em geral, a presença de duas condições categoria 3 equivale quase sempre a uma categoria 4.
Com duas condições 3, a decisão deve ser cuidadosamente avaliada. - Quando começar
ATENÇÃO:
Uma mulher pode iniciar o uso de implante em qualquer momento, desde que exista certeza razoável de que não esteja grávida.
Se não houver certeza, é recomendável usar um método de barreira ou se abster até a próxima menstruação, quando poderá ser inserido o implante, preferivelmente até o sétimo dia do ciclo.
- Se a mulher está amamentando e em amenorreia, pode começar em qualquer momento, inclusive antes de completar seis semanas do parto. De acordo com os CME quinta edição, os implantes podem ser inseridos à alta da maternidade em mulheres que amamentarão o seu bebê.
- Se já se passaram mais de seis meses pós-parto, o implante pode ser inserido em qualquer momento se há certeza razoável de que não está grávida. Deve usar um método de barreira ou se abster das relações por sete dias depois da inserção.
- Se a mulher não está amamentando, os implantes podem ser inseridos em qualquer momento até quatro semanas pós-parto sem precisar usar um método de respaldo.
- Também os implantes podem ser inseridos no período pós-aborto imediato antes da alta hospitalar.
- Se a mulher está menstruando espontaneamente e começa o uso nos primeiros sete dias do ciclo, não precisa usar nenhum outro método de respaldo. Se já se passaram mais de sete dias do começo da menstruação, o implante pode ser inserido, mas a mulher deverá usar um método de respaldo ou manter abstinência até sete dias depois da inserção (camisinha por exemplo).
- Se a mulher estiver em amenorreia também pode começar em qualquer momento se há certeza razoável de que não esteja grávida. Deve usar um método de respaldo ou manter abstinência por sete dias após a inserção dos implantes.
- Se a mulher estiver usando pílula combinada, pílula apenas de progestágeno, adesivo, anel vaginal, DIU com cobre ou DIU com levonorgestrel e deseja passar a usar implante, pode começar em qualquer momento. Se está deixando um método injetável, deve-se colocar o implante no mesmo dia que deveria receber a injeção. Em nenhum desses casos precisa usar um método de respaldo.
- InserçãoA inserção do implante, habitualmente, é um procedimento simples que não demora mais de dois a três minutos.
A remoção ou extração pode demorar mais tempo, mas, se o provedor está capacitado e o implante está bem localizado, a extração é um procedimento simples. As complicações depois da inserção são muito raras quando o provedor está bem capacitado.
O novo insertador dos implantes de etonogestrel (Nexplanon® ou Implanon-NXT®) simplifica o procedimento e previne a inserção profunda do implante além de evitar o risco de queda do mesmo ou de que este fique dentro do insertador depois de completado o procedimento.
Os provedores de serviços que oferecem implantes devem ter sido capacitados em orientação em planejamento reprodutivo e no procedimento de inserção e remoção do implante. A capacitação deve incluir a prática dos procedimentos sob supervisão direta.
Por essa razão, a descrição que segue é só um resumo informativo geral e não inclui instruções detalhadas.
“A leitura da descrição que segue não habilita um provedor a inserir nem extrair implantes”
I) O provedor deve realizar o procedimento em adequadas condições de assepsia.
II) O provedor deve aplicar uma pequena quantidade de anestesia local no braço, no local em que será inserido o implante.
III) Depois de um a dois minutos, para dar tempo para que o anestésico faça o seu efeito, se aplica o implante de acordo com a técnica de cada modelo. Atualmente, usando sempre aplicadores descartáveis, não é necessário fazer uma incisão da pele para inserir o implante. Basta puncionar com o aplicador.
IV) O procedimento de aplicação do implante no tecido subdérmico pode provocar uma ligeira dor ou sensação de pressão e/ou tração.
V) Depois de completar o procedimento é importante verificar a posição do implante por palpação, comprimir por alguns segundos o local da punção e colocar um curativo adesivo. Recomenda-se que a mulher não molhe o local da aplicação do implante por um período de, pelo menos, 8 horas. - Remoção/extraçãoATENÇÃO:
Os provedores não devem negar ou protelar a extração às mulheres que desejam deixar de usar o método, qualquer que seja a razão pela qual ela solicita a extração. O pessoal deve estar capacitado para atender a demanda de extração sem tentar convencer a usuária a continuar usando implante. Muitas vezes a mulher pede a extração do implante por razões que podem não ter relacão com o mesmo, mas se a usuária, depois de ser bem informada, insiste na retirada do método, devemos atender a demanda imediatamente.
A descrição resumida que segue pode ajudar a explicar o procedimento às usuárias:
I) O provedor realiza o procedimento em adequadas condições de assepsia;
II) A mulher recebe una injeção de anestésico local no local onde está o implante;
III) O provedor faz uma pequena incisão na pele, perto da localização do implante;
IV) O implante é retirado com um procedimento suave com pinças cirúrgicas finas. A mulher pode sentir uma sensação de tração e leve dor durante o procedimento;
V) Habitualmente basta colocar um curativo adesivo com gazes estéreis e manter o local limpo e seco um dia. Excepcionalmente, se a extração é um pouco mais laboriosa e a incisão foi um pouco maior (mais de 1 cm) é recomendável fechar a incisão com um ponto;
VI) Deve-se recomendar não fazer esforços pesados com o braço em que estava o implante durante três a cinco dias.
“Se a mulher deseja continuar usando implante, pode-se colocar um novo implante no mesmo dia da extração, utilizando a mesma incisão, se as condições são apropriadas, mas também pode ser colocado por outra punção, no mesmo braço ou no outro”.
- Acompanhamento clínicoNão é necessário que as usuárias de implantes façam consultas rotineiras de controle até a data em que deve retirar-se os implantes.
Entretanto, os provedores de saúde devem dizer às usuárias que serão bem recebidas cada vez que sintam a necessidade de consultar por efeitos secundários ou, simplesmente, por dúvidas sobre o método. Além disso, devem estimular as usuárias a realizarem as consultas preventivas, especialmente de prevenção e diagnóstico precoce de câncer de colo uterino e de mama.
Embora os problemas referidos pelas usuárias possam ou não ser devidos ao uso do método, eles podem afetar a satisfação das mulheres com o implante.
Quando uma mulher refere queixas, sejam ou não devidas ao método, ela merece a atenção do profissional de saúde. É muito importante escutar com atenção as queixas, dar uma orientação adequada, oferecer medidas terapêuticas para reduzir os problemas. É também importante perguntar sempre se a mulher deseja continuar com o método. Se ela decide que as queixas são devidas ao método e a solução é mudar de método, o profissional deve oferecer orientação na escolha de outro método.
- Menstruação irregular (sangramento em momentos inesperados que incomodam a usuária)
Assegure a ela que muitas mulheres que utilizam implantes apresentam sangramento irregular. Não é prejudicial e geralmente perde intensidade ou cessa após o primeiro ano de uso.
Para um modesto alívio de curto prazo, ela poderá tomar 800 mg de ibuprofeno ou 500 mg de ácido mefenâmico 3 vezes por dia após as refeições por 5 dias, começando quando o sangramento irregular tiver início.
Se estes medicamentos não a ajudarem, ela poderá tentar uma das seguintes recomendações, começando quando o sangramento irregular tiver início:
- Anticoncepcionais orais combinados com o progestógeno levonorgestrel. Peça a ela para tomar uma pílula diariamente por 21 dias, ou 50 µg de etinilestradiol diariamente por 21 dias.
Se o sangramento irregular continuar ou começar após vários meses de menstruação normal ou ausência de menstruação, ou caso haja outros sinais clínicos, é recomendável descartar possíveis patologias ginecológicas ou gerais.
- Períodos de amenorreia
Explique que algumas mulheres que utilizam implantes podem deixar de ter menstruação (períodos de 90 dias ou mais sem sangramento) às vezes, por períodos de seis meses ou mais e que isso não é prejudicial para a saúde.
Explique que a menstruação não é uma necessidade e que com implante pode acontecer a interrupção das menstruações da mesma forma como acontece durante a gravidez. Também não significa que ficará estéril. Algumas mulheres aceitam e, inclusive, gostam de ficar períodos sem menstruações, se sabem que isso não representa um risco para a saúde nem de ficar grávidas.
- Menstruação intensa ou prolongada (o dobro do usual com duração de mais de oito dias)
Explique à usuária que algumas mulheres que utilizam implantes podem apresentar menstruações mais abundantes ou mais prolongadas. De modo geral, não é algo prejudicial e normalmente perde intensidade ou cessa após alguns meses
.
Para alívio de curto prazo, ela poderá tentar um dos tratamentos indicados para menstruação irregular, acima, começando quando o sangramento intenso tiver início. Os anticoncepcionais orais combinados com 50 µg de etinilestradiol podem funcionar melhor que as pílulas de menor dosagem.
Para evitar que ocorra anemia, nas mulheres que têm menstruações abundantes, sugira o uso de sulfato ferroso e que coma alimentos que contenham ferro, tais como carne e aves (especialmente carne bovina e fígado de frango), peixe, folhas verdes e legumes (feijões, tofu, lentilhas e ervilhas).
Se o sangramento intenso ou prolongado continuar ou começar após vários meses de menstruação normal ou ausência de dela, é importante descartar outra causa do sangramento que não esteja relacionada com o método.
- Cefaleias ou dores de cabeça comuns (que não seja enxaqueca)
Explique que as dores de cabeça podem não ter relação com o implante. Sugira aspirina (325–650 mg), ibuprofeno (200–400 mg), paracetamol (325–1000 mg) ou outro analgésico.
Se as dores de cabeça aumentaram claramente após o início do uso de implantes é conveniente fazer uma avaliação mais cuidadosa e considerar a possibilidade de trocar o método.
- Dor abdominal moderada
Explique que, muito provavelmente, não tem relação com o implante. Sugira aspirina (325–650 mg), ibuprofeno (200–400 mg), paracetamol (325–1000 mg) ou outro analgésico. Descarte causas ginecológicas de dor abdominal.
- Acne
Se a mulher deseja parar de usar o implante por causa da acne, ela poderá considerar a possibilidade de mudar para pílula combinada. A acne de muitas mulheres melhora com o uso de pílula combinada. Considere tratamentos dermatológicos disponíveis.
- Alteração do peso
Analise a dieta e faça o aconselhamento necessário.
- Sensibilidade mamária
Recomende que ela use um sutiã firme (inclusive durante exercício físico intenso e o sono) e tentar fazer compressas quentes ou frias. Sugira aspirina (325–650 mg), ibuprofeno (200–400 mg), paracetamol (325–1000 mg) ou outro analgésico. Pode sugerir controle com especialista para descartar qualquer patologia mamária.
- Alterações de humor ou do desejo sexual
Pergunte sobre mudanças em sua vida que pudessem afetar seu humor ou desejo sexual, inclusive mudança no relacionamento com o seu parceiro. Dê-lhe o apoio necessário. Mulheres que apresentam alterações agudas de humor como, por exemplo, depressão intensa, devem ser encaminhadas para atendimento.
- Náusea ou tontura
Tranquilize a usuária e, se persistirem os sintomas, recomende controle com médico clínico geral.
- Dor após a inserção ou remoção
No caso de dor após a inserção, verifique se o curativo em seu braço não está muito apertado. Coloque um novo curativo e aconselhe-a a evitar pressão sobre o local durante alguns dias.
Forneça-lhe aspirina (325–650 mg), ibuprofeno (200–400 mg), paracetamol (325– 1000 mg) ou outro analgésico.
- Infecção no local da inserção (vermelhidão, calor, dor, pus)
Não remova os implantes. Limpe a área infectada com água e sabão ou antisséptico. Forneça antibióticos orais por 7 a 10 dias.
Peça à mulher para retornar após ter completado o tratamento com antibióticos caso a infecção não ceda. Se a infecção não tiver desaparecido, remova os implantes ou encaminhe-a para remoção.
Frequentemente, uma infecção é seguida por uma expulsão total ou parcial dos implantes. Peça à mulher para retornar caso ela perceba que um implante está saindo.
- Abscesso (bolsão de pus sob a pele devido a infecção)
Limpe a área com antisséptico. Faça um corte (incisão) para abrir e drenar o abscesso. Trate a ferida.
Forneça antibióticos orais por 7 a 10 dias. Peça à mulher para retornar após ter completado o tratamento com antibióticos caso ela sinta calor, vermelhidão, dor ou drenagem da ferida. Se a infecção não tiver desaparecido quando ela retornar, remova os implantes ou encaminhe-a para remoção.
- Expulsão (quando o implante começa a sair do braço)
É raro acontecer. Geralmente ocorre alguns meses depois da inserção ou quando há infecção. Se não houver infecção, substitua a cápsula ou haste expelida através de uma nova incisão próxima das outras hastes ou cápsulas, ou encaminhe-a para substituição. - Perguntas Frequentes
- Referências- Medical eligibility criteria for contraceptive use. World Health Organization. Fifth Edition, 2015.
- Family Planning: A global handbook for providers. World health Organization, update 2011.
- Selected practice recommendations for contraceptive use. World Health Organization, Third Edition, 2016.
- Harrison-Woolrych M, Hill R. Unintended pregnancies with the etonogestrel implant (Implanon®): a case series from post-marketing experience in
- Australia. Contraception. 2005 Apr: 71(4):306-8.
- Management of Asymptomatic Ovarian and Other Adnexal Cysts Imaged at US: Society of Radiologists in Ultrasound: Consensus Conference
- Statement Radiology: Volume 256: Number 3—September 2010 - radiology.rsna.org
https://www.youtube.com/watch?v=sWnL4IT-QtM Inserção NXT MSD Australia